Conheci Zé Maria quando fui criança. Ele era vaqueiro na fazenda do interior de Goiás, e tinha pele e olhos igualmente pretos. Dentes rigorosamente brancos, sempre ‘na praça’, como chamava o hábito de sorrir frequentemente. Zé Maria era valente, curioso e naturalmente engraçado. A gente gostava de sua companhia e de sua curiosidade a respeito da vida na cidade grande. Ele queria saber, por exemplo, se era verdade que existiam casas em cima umas das outras a que chamavam edifícios. E concluía: por isso chamam assim: edifício; é mesmo difícil de acreditar; e matutava longamente. Embora analfabeto era inteligente e astuto e, em minha família, lembramos dele até hoje.
Resolvi contar algumas histórias que o tornaram definitivo. Lembranças de quando dividi com Zé Maria certa estupefação diante da vida. De quando me diverti e aprendi um bocado com sua sabedoria orgânica.
São ‘coisas do Zé’.
Que venha o Zé Maria!
Já gostei dele, com seus dentes sempre na ‘praça’!