Nunca havia pensado efetivamente em criar um blog; nas poucas vezes em que cogitei, esbarrei mediatamente na questão da utilidade. Que teria eu a dizer assim, a ceu aberto, que pudesse justificar a empreitada?!
Sempre tive alguma espécie de diário. Íntimo e pessoal. Há um ano abri um arquivo, aqui no computador, que veio ocupar o lugar destes diários a bico de pena, e ao qual intitulei Barrigão e Tanquinho. Nele registro minhas experiências gastronômicas cotidianas. Às vezes alimentando ao Barrigão – afeito a molhos, sorvetes, cervejas e churrascos – outras vezes lustrando Tanquinho – sempre ligado na contemporânea circunferência abdominal; um jovem saudável. É divertido e estimulante. Para mim, unicamente.
Há menos tempo criei outro arquivo, Pessoa, onde faço anotações sobre assuntos que me interessam, geralmente ligados à arte, à literatura, assuntos acadêmicos, sugestões de leitura, palavras desconhecidas, coisas assim. Foi deste que emprestei o nome para este blog, uma vez decidido encará-lo.
Pessoa, em homenagem a meu escritor preferido, este português multifacetado. Ele é tantos que me faz pensar que há sempre um Pessoa para cada escaninho da alma. Ao mesmo tempo que esta palavra me sugere o que há de mais substantivo, em tempos sufocados por adjetivos ineptos. Pessoa. E o que é humano me concerne. O que é criatura me diz respeito.
Devaneei à procura da resposta para a existência deste blog. Sequer me aproximei. Deixemos como está, por enquanto. Quem sabe o tempo… Ocorre-me Lygia Fagundes Telles: não precisa compreender, basta gostar. E a multiplicidade do Pessoa (e das pessoas) me encanta sempre. Façamos girar o caleidoscópio.
Até logo mais!
Muito bem, meu caro. Sua voz tem autoridade (pq não teriam os dígitos?!)Estarei por aqui. Gostei do caleidoscopio.
Meu amigo, adicione em seu diario do Barrigao um lugar peculiar que conheci ao passar este fim de semana em nossa hermana Buenos Aires : Juana M., na Recoleta. Fica em um porao da antiga PUC, dificil de achar, mas vale a pena logo na entrada. O local tambem foi um orfanato, e quase destruido na ultima reforma viaria. Resistiu.Abraco,
Marcio, anotadíssimo. B.Ayres é sempre bem vinda. Abç.